Esperar é um ato de coragem. Uma sensação inquietante de que o dia de amanhã trará uma nova cor, e que ao virar da esquina algo melhor nos aguarda. Simultaneamente, porém, é uma sensação de vazio, de inquietude, um «void» temporal em que, às tantas, perdemos o sentido ao que estivermos, de facto, a esperar por, e o porquê de o fazermos.
Será que neste processo de estar reservado a uma coisa, perdemos umas quantas outras que ficam pelo caminho? Não será perigoso o olhar afunilado que por vezes tomamos em direção ao fim da rua, ao invés de, talvez, podermos arriscar num olhar curioso para a varanda do vizinho de cima?
Quando é que aprendemos a assobiar e cantarolar enquanto as primaveras se desenrolam ao seu tempo? E a soprar as velas sem desejar que isso signifique mais do que o já o é.
Quando é que paramos este ruído todo, para nos apercebermos que os pássaros sempre lá estiveram, a cantar.
Criação e Interpretação: Juliana Fernandes
Sonoplastia: Manuel Brásio, com música de José Valente, “Os pássaros estão estragados”
Cenografia: Manuel Rodrigues
Apoio ao design e impressão de cartas: Samuel Rego e Ricardo Figueiredo
Fotografia: Juliana Silva
Duração: 30/40 min.